Blogs e Educação

BLOGS E EDUCAÇÃO

Por: Lucy Tavares


Embora o objetivo da criação do blog fosse servir como página virtual de diário pessoal, atualmente, pode-se constatar que eles são utilizados com inúmeros propósitos, dentre os quais destacam-se os Edublogs (ou blogs educativos). Os programas de criação de blogs permitem ao blogueiro inserir página de visitantes, murais virtuais e espaço para comentários. Tais ferramentas podem ser consideradas posts.
Primo (2006) afirma que os blogs que permitem post acabam por transformá-los em hipertextos cooperativos, visto que, os envolvidos, ao interagirem — compartilhando idéias, pensamentos e concepções a cerca de determinados assuntos — influenciam-se mutuamente. De acordo com Lévy (1992, p.40),

O hipertexto ou multimídia interativa adéqua-se particularmente aos usos educativos. É bem conhecido o papel fundamental do envolvimento pessoal do aluno no processo de aprendizagem. Quanto mais ativamente uma pessoa participar da aquisição de um conhecimento, mais ela irá integrar e reter aquilo que aprender.

Este texto é muito bom para trabalhar com alunos sobre o método científico.


O MÉTODO CIENTÍFICO - LAZZARO E OS MORCEGOS

A - Meu nome é Lazzaro e tenho uma história a contar para vocês. Muitas pessoas, como eu já tiveram a oportunidade de "encontrar-se frente a frente" com… morcegos.
Para algumas dessas pessoas o fato constituiu-se em mais uma "experiência arrepiante" a ser comentada com os amigos.
Eu, entretanto, interessei-me por esses estranhos bichos. Constatei através de consultas bibliográficas, que os morcegos são mamíferos alados e de hábitos noturnos. Vivem em cavernas escuras, nos sótãos de habitações, campanários, etc.
Como os morcegos têm aspectos curiosos e raramente são vistos durante o dia, resolvi observá-los mais cuidadosamente.

B - No sótão da casa em que eu morava havia morcegos, um dia fui observá-los. Ao adaptar-me ao escuro pude perceber morcegos isolados ou em grupos, pendurados no madeiramento do sótão. Muitos estavam sem demonstrar qualquer atitude. Outros, ao contrário, talvez devido à minha presença, agitavam-se e mudavam constantemente de lugares, realizando rápidos vôos.
Chamou a atenção o fato dos morcegos poderem se deslocar rapidamente no escuro, sem jamais chocarem com as escoras de madeira no sótão e outros obstáculos ali existentes.

C - Comecei, então a preocupar-me como se orientavam os morcegos no escuro? O que lhes permitia deslocar com tanta segurança num ambiente escuro, sem se chocar com algum obstáculo?

D - Pensei a seguir, que eles teriam desenvolvido capacidade de visão a ponto de deslocarem rapidamente e seguramente no escuro. Portanto, podia ser que "a visão dos morcegos os orientassem a noite". Essa provável explicação não me satisfez, pois na realidade o problema não fora resolvido. De qualquer forma, baseado nessa idéia eu raciocinei:
Se os morcegos se orientam à noite com o uso da visão, porém, impedindo que utilizem esse sentido, seriam incapazes de desviar dos obstáculos.

E - Fiquei satisfeito com minha forma de pensar. Entretanto, eu queria algo mais concreto que uma simples hipótese, então comecei a planejar uma forma de constatar na prática se a minha idéia estava ou não correta.
Com uma rede de caçar borboletas, subi ao sótão para capturar alguns morcegos.
Eles ficaram perturbados. Após várias tentativas e depois de ser alvos de inúmeros "rasantes", consegui finalmente pegar quatro.
Com uma tira de esparadrapo, tapei os olhos de todos eles e os soltei novamente. Pensei que fossem se estatelar contra o primeiro obstáculo que lhes surgissem pela frente. Nada disso ocorreu.
Os morcegos continuaram a voar normalmente, com a rapidez e segurança de antes. Dois dias depois capturei dois morcegos.
Um deles, por acaso, era dos que havia tapado os olhos.
Resolvi então examinar o conteúdo estomacal de ambos.
Surpresa: em ambos encontrei restos de insetos que constituíam o alimento comum dos morcegos.

F - A segurança do vôo dos morcegos e a capacidade de mesmo sem visão capturar alimento, eram fatos que demonstravam ser errada minha idéia de que a visão os orientava no escuro. A partir disto, só restava um caminho: Concluir que "não era o sentido da visão que orientava o vôo dos morcegos".
Baseado nisto anotei: se os morcegos privados da visão conseguem se orientar num vôo noturno, então não é a visão que os orientam em seus deslocamentos.

G - Não desisti e continuei a pensar: Pode ser que outro dos sentidos ocupa essa função, mas qual dos sentidos? A audição?
Se os morcegos se orientam mediante a audição, então os privando desse sentido eles seriam incapazes de orientar-se.

H - Novamente resolvi testar minha idéia. Capturei dez morcegos. De acordo com a abertura auditiva deles, construí pequenos tubinhos, de lata abertos nas duas extremidades. Com cuidado introduzi esses tubinhos de modo a ficarem bem adaptados ao canal auditivo. Em cinco morcegos tampei completamente os tubinhos de lata com cera. Os outros cinco morcegos ficaram com os tubinhos de lata abertos, possibilitando completa audição.
Após essa preparação soltei os dez morcegos numa sala escura e com vários obstáculos. Alguns morcegos levantaram vôo rapidamente, outros ficaram completamente inibidos e, ao voarem, estatelavam-se contra os obstáculos. Recolhi os morcegos feridos.
Examinei o primeiro deles: estava com o tubinho de lata fechado. Examinei os outros e todos estavam com os tubos tampados com cera.
Eu descobri algo! Minha Segunda idéia estava certa: os morcegos podiam não utilizar os olhos para a orientação do vôo na escuridão, porém, ao impedir que eles usassem a audição, o resultado foi desastroso. Sem a audição perdiam a capacidade de orientar-se durante o vôo. Com base nessas informações, pensei e escrevi: se os morcegos com a audição bloqueada não conseguem orientar-se num vôo noturno, então a audição é o sentido que orientam esses animais no seu vôo no escuro.

I - Fiz várias outras experiências com os sentidos do morcego e todas conduziam à mesma conclusão: a audição é que orienta o vôo dos morcegos. Percebi algo, ainda que não estivesse claro. Os diferentes obstáculos por si só e ao que eu soubesse, não emitiam sons que pudessem ser detectados pelos morcegos. Por outro lado, os animais me pareciam tão silenciosos antes como após o experimento com eles realizados.
Então como explicar a audição como o sentido de orientação do vôo dos morcegos?
Como acontece a orientação desses animais, através da audição?
Pronto, nova dúvida! Meus problemas continuaram.

Texto extraído de PEC - Projeto de Ensino de Ciências
Projeto MEC - PREMEN - CECIRS