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PROTAGONISMO JUVENIL



          Quando ouvimos falar em protagonismo, de imediato estabelecemos mentalmente uma associação com o inédito, com alguém que de alguma forma se destacou dos demais. Essa concepção de protagonismo no sentido de inusitado tem, segundo Gomes da Costa (2001),  origem em suas duas raízes gregas que compõem essa palavra, proto = primeiro, principal + agonistes = competidor, lutador. Esse termo popularizou-se com as peças teatrais e, sobretudo com a televisão, para designar o ator principal, o protagonista.
Nos movimentos estudantis, esse termo ganhou uma conotação de manifestação cidadã, de politização, de que ser jovem é sinônimo de protagonismo. Já na esfera educacional esse termo ganhou destaque na década de 90, sendo citado em inúmeros documentos oficiais que ressaltavam a importância para a aprendizagem da participação ativa dos jovens para uma gestão democrática nas escolas (FERRETI et al., 2004).
            Na revisão bibliográfica sobre protagonismo, Ferretti et al. (2004) concluem que não se pode tentar entender protagonismo desvinculando-o de seu contexto e que nesse sentido os jovens nascidos no séc. XXI não vivenciaram períodos de grandes mudanças, como os vividos pela sociedade pós-moderna ou pós-industrial. Segundo ele, como não participaram desse período marcado pelo rápido avanço científico e tecnológico que provocou profundas mudanças sociais e culturais, principalmente nas relações do capital e do trabalho, não percebem como os das gerações anteriores certas contraposições.  Devido a isso, aceitam com naturalidade as mudanças que lhes são apresentadas. Contudo esses jovens experenciam certas transformações a partir de vivências particulares e das “novidades” (grifo nosso) proporcionadas pelo desenvolvimento da informática.
            Percebemos que esses autores (FERRETTI et al., 2004), apesar de não usarem o termo nativo digital, referem-se justamente a essa geração, que segundo eles, vivem na “moderna cidadania” (p.413), para a qual vários estudiosos apontam haver uma urgente e necessária preparação em valores e atitudes cidadãs. Essa capacitação tem um apelo social voltado a uma postura autônoma, exigida por essa sociedade pós-moderna, no sentido de preparar os jovens aos desafios que encontrarão no mercado de trabalho e na vida cotidiana.
  É nesse sentido que o protagonismo juvenil se apresenta como resposta a essa necessidade social, apesar de não haver consenso entre os estudiosos, que o relacionam a outras características. Para Ribas Jr. (S.d.), trata-se da “capacidade de participar e influir no curso dos acontecimentos, exercendo um papel decisivo e transformador no cenário da vida social” (p.3) num entendimento de prática empreendedora capaz de dar conta dos problemas sociais existentes.
Já para Gomes da Costa (2001), o empreendedorismo juvenil é um método de trabalho pedagógico no qual o professor é o responsável por capacitar os jovens por meio da criação de espaços de saber que envolvam projetos, levando-os a atuarem como agentes capazes de resolver problemas, seja na própria escola, seja na sociedade. Tais projetos, na visão do autor citado, colaborariam para o envolvimento ativo e pleno dos alunos, capaz de fazê-los aprofundar nos temas abordados. As etapas de projeto defendidas por esse autor envolvem o despertar e o fortalecimento da autonomia do educando, sendo elas:
a-       Apresentação da situação-problema;
b-       Proposta de alternativas ou vias de solução;
c-       Discurso das alternativas de solução apresentadas;
d-       Tomada de decisões.
Brener (2004) reforça a necessidade de se desenvolver uma relação de parceria entre o professor e os alunos a fim de garantir o desenvolvimento do protagonismo juvenil. Essa cooperação proporcionaria ao educando perceber-se como agente de iniciativa, liberdade e compromisso. O que significa dizer que os jovens devem ser estimulados a tomarem iniciativa nos projetos a serem por eles desenvolvidos, vivenciando possibilidade de escolas e de responsabilidade.
Para Ferretti et al. (2004), pode-se entender o protagonismo juvenil como um discurso cujo objetivo é motivar o adolescente a se sentir “útil” à sociedade diante da atual descrença na política regida pelo estado.
Para nós o protagonismo juvenil é compreendido como potencial a ser estimulado, que, se bem trabalhado, pode contribuir para a formação pessoal e social do educando, no sentido de capacitá-lo a aprender a aprender, postura essa fundamental ao enfrentamento dos desafios da sociedade científico-tecnológica, na qual ele está inserido. A apropriação desse potencial juvenil é proporcionada pelo protagonismo juvenil, que, segundo Gomes da Costa, é

a participação do adolescente em atividade que extrapolam os âmbitos de seus interesses individuais e familiares e que podem ter como espaço a escola, os diversos âmbitos da vida comunitária; igrejas, clubes, associações e até mesmo a sociedade em sentido mais amplo, através de campanhas, movimentos e outras formas de mobilização que transcendem os limites de seu entorno sócio- comunitário.(1996, p.90).
Professor é aquele que ensina e aprende ensinando.

Segundo Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia:
"Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre."
Em tempos de Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTICE), isso significa a necessária humildade em reconhecermos como educadores que podemos sim aprender com nossos alunos e que também podemos discutir com eles sobre o uso que fazem dessas ferramentas e como as mesmas podem ser utilizadas em prol de sua formação. 
Para isso, devemos proporcionar um ambiente educacional que privilegie o diálogo franco. Nesse espaço não existe lugar para um professor centralizador do conhecimento e sim para aquele que se assume mediator e "inacabado" em pleno e contínuo processo de formação.
Como podemos dialogar nossos alunos sobre a necessidade de enfrentarem desafios, serem ponderados, aceitarem e conviverem com as diferenças se não vivenciamos nosso discurso? 
Como já ouvimos dezenas de vezes: Falar é fácil, o difícil é fazer.
Talvez um dos caminhos para realmente estabelecermos uma relação de troca e confiança esteja nas palavras de um jovem senhor de 87 anos que certa vez me disse uma frase que considero uma das mais sábias que já ouvi:
-A gente educa no elogio.

E você elogia seu aluno?